sábado, 4 de outubro de 2014

P R E S O S E S P E R T I N H O

Prisioneiros em regime semi-aberto na Holanda descobriram um jeito de passar mais tempo fora da cadeia, estão pagando sósias para cumprirem a pena em seus lugares.
Essa notícia foi publicada na “Folha de São Paulo” em 24/12/04. Fomos convidados á escrever sobre o fato.
Aí, eu pensei! Prisioneiros, apenados, detidos, aprisionados, encarcerados; deve ser muito triste!
O indivíduo desde o momento em que é preso, só pensa na liberdade perdida, só pensa em sair daquela situação.
Também me lembrei que; prisão, cadeia, xilindró, xadrez, masmorra; são coisas novas. Antigamente não havia nada disso. 
O modo de castigar aos que erravam eram outros. Todos os castigos eram físicos. E eram aplicados de acordo com o delito, que iam desde um desvio de conduta, uma culpa, um pecado ou um crime.
As penas iam de uma bofetada em público ou algumas, até dezenas ou centenas de chibatadas sempre em público, até a pena capital, (a morte) que podia ser: apedrejado, enforcado, afogado, queimado, lançado ás feras ou crucificado. 
“Dente por dente, olho por olho,” era a lei. Essa cultura perdurou quase até nossos dias. 
Os castigos físicos nas escolas, assim como pais baterem nos filhos são reminiscências daquela cultura que não está tão morta como desejamos, e nem tãodistante.
Porém, com o correr dos tempos viram eles que, para serem justos os apenados deveriam ser julgados. E assim sendo, eles precisava ficar detida até sair á sentença.
E foi aí que as autoridades perceberam que, o tempo que a eles era cerceado o direito de ir e vir esperando o julgamento, era um castigo maior que a própria pena. Começava assim ás prisões como castigos.
Esses sentenciados da Holanda, que arrumavam sósias para ficarem em seus lugares em troca de pagamento, só vêm provar que: só fica preso quem não tem dinheiro.
Também, a falta de rigor das autoridades carcerárias ao checarem os documentos dos regressos á cadeia, me faz lembrar uma lenda que diz: “Um cinéfilo, vivia numa cidade e todos os dias ia ao cinema; sempre vestido com elegância e ao chegar á portaria, sério, olhava o porteiro e dizia: Imprensa! E entrava. No outro dia ele estava lá, Imprensa! E entrava.
Um dia o porteiro estava de pá virada e pagou para ver. Quando ele disse Imprensa! Cadê suas credencias disse o porteiro. Que credenciais? Prove que é da Imprensa. “Eu nunca disse que era da Imprensa, simplismente eu dizia: emprença, você nunca me emprençou, me dei bem.” A culpa não era do cinéfilo, mas, sim do porteiro. A como também na Holanda, a culpa não era dos presos e sim das autoridades.
Do livro: “Fragmentos de Uma Oficina Acadêmica” de Amadeu Lucinda. ©

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