domingo, 29 de setembro de 2013


SEM BORBOLETAS AZUIS
Professor Ramos Pontes
“Nunca te fiz um verso, Ipu”
Porque até ontem fui romântico,
Curió de bosques verdes
Onde verde não havia.
Mas como agora cresci,
Não carrego olhar sombrio,
Nem abrigo alma perdida,
E a morrer jovem não aspiro
Deixo minha assonância
Em nada camoniana,
Ruptura aos alexandrinos,
Ipu! Ipuae! Ipuorum!

Abaixo os que te querem a glória
De cinzentas metáforas, apenas;
Olvido sem sepultura aos teus cantores de utopias:
Menestréis palacianos que ao ouvido encantam,
Mas destroem do ser a essência verdadeira.
Trovadores que te exaltam, te adulam,
Buscando fama e poder,
Ipu! Ipuae! Ipuorum!

Escondi o meu poema
- Meu teorema da cor -,
Que calma e clama nas taperas,
No concreto das calçadas,
Lá nos portões do Mercado,
No discreto da existência
- a paciência da fome –
Que em ti grita sem cessar,
Ipu! Ipuae! Ipuorum!

Dos molambos que trafegam
Cobrindo formas de formas cadavéricas,
Ai! Ipu!, Ipuae!, Ipuorum!,
Que por falta de comida
São o verde – a cor nas taperas -,
Sem borboletas azuis:
Tema de tantas quimeras!


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