domingo, 7 de agosto de 2016


João Alberto Lins de Barros nasceu em Recife, em 1897. Militar, ingressou na Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro, em 1909. Participou da preparação do primeiro levante tenentista, ocorrido no Rio de Janeiro em 1922, embora não tenha tomado parte na insurreição propriamente dita. Mesmo assim foi preso por cinco meses. Após ser libertado, transferiu-se para o município de Alegrete (RS), onde retomou suas atividades conspirativas. Participou dos levantes deflagrados no interior do Rio Grande do Sul, a partir de outubro de 1924. Derrotados por forças fiéis aos governos, federal e estadual, os rebeldes gaúchos se dirigiram ao estado do Paraná, onde se juntaram aos remanescentes do levante tenentista ocorrido na capital paulista em julho daquele ano. Da unificação das forças rebeldes paulistas e gaúchas nasceu a Coluna Prestes, exército guerrilheiro comandado por Luís Carlos Prestes e Miguel Costa, que percorreu o interior do Brasil
durante cerca de dois anos em campanha contra o governo de Artur Bernardes. João Alberto desempenhou papel de relevo na Coluna, tendo sido o comandante de um dos quatro destacamentos em que se dividia o exército rebelde. Após o fim da campanha da Coluna, em fevereiro de 1927, enquanto a maioria de seus membros exilou-se na Bolívia e na Argentina, João Alberto regressou ao Brasil, passando a viver na clandestinidade. Viveu então em Pernambuco e no Paraná. Mantendo-se como ativo conspirador, estabeleceu contato com os políticos da Aliança Liberal, coligação que reunia os grupos dirigentes dos estados do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Paraíba em torno da candidatura oposicionista de Getúlio Vargas à presidência da República. Com a derrota de Vargas no pleito realizado em março de 1930, passou a dedicar-se à preparação do movimento revolucionário que derrubou o presidente Washington Luís em outubro daquele ano, impedindo a posse do
candidato eleito, o paulista Júlio Prestes. Após a instalação do novo regime, foi nomeado por Vargas delegado militar da revolução e, posteriormente, interventor federal no estado de São Paulo, medida que abriu grave crise entre o novo governo e os grupos dirigentes daquele estado. Sua gestão à frente do governo paulista foi marcada por medidas polêmicas, como a autorização para o funcionamento do Partido Comunista Brasileiro, então Partido Comunista do Brasil (PCB), e a ameaça de confisco das fábricas que não acatassem as medidas sociais decretadas. Ao mesmo tempo, buscava aproximar-se dos cafeicultores. Junto com Miguel Costa, que passou a comandar a Força Pública estadual, organizou a Legião Revolucionária, partido político que buscava promover a mobilização de massas em apoio ao novo regime, entrando em confronto com as agremiações políticas tradicionais do estado. Por conta disso, seu governo, que se estendeu até julho de
1931, foi marcado por fortes tensões, agravadas pelo rompimento do Partido Democrático (PD) com o governo, ocorrida no mês de março. Foi membro do Clube 3 de Outubro, agremiação que visava oferecer maior consistência à atuação política dos "tenentes" revolucionários, e também do Partido Autonomista do Distrito Federal, liderado por Pedro Ernesto. Em abril de 1932, assumiu a chefia de polícia do Distrito Federal, cargo que ocupou até o ano seguinte. Em 1934, elegeu-se deputado federal constituinte por Pernambuco, na legenda do Partido Social Democrático daquele estado. Por essa mesma agremiação obteve um mandato de deputado estadual constituinte pernambucano, em abril de 1935. Nesse ano, recusou convite feito por Luís Carlos Prestes para ingressar na Aliança Nacional Libertadora (ANL), frente política de esquerda que se estruturou a partir de um programa de cunho antifascista e antiimperialista. Ainda em 1935, iniciou um período
dedicado a missões diplomáticas, que se estendeu até o início da década seguinte. Entre 1941 e 1942, exerceu o cargo de embaixador do Brasil no Canadá. Em setembro de 1942, no contexto da participação brasileira na Segunda Guerra Mundial, foi nomeado presidente da recém-criada Coordenação de Mobilização Econômica, que possuía amplos poderes para intervir-nos mais diversos assuntos relativos a controle de preços, estabelecimento de metas de produção, abastecimento e planejamento do sistema de transportes. A partir do ano seguinte, passou a acumular a presidência da também recém-criada Fundação Brasil Central, cujo objetivo era promover o povoamento das regiões Norte e Centro-Oeste. Em março de 1945, foi designado novamente para a chefia de polícia do Distrito Federal. Estimulado pelas mudanças então ocorridas no cenário internacional, passou a defender a redemocratização do país. Nesse sentido, opôs-se, como chefe de
polícia, às manifestações do movimento queremista que reivindicavam a permanência de Vargas no poder. Sua substituição nesse cargo por Benjamin Vargas, irmão do presidente, foi o estopim para a deflagração do golpe promovido pela cúpula das Forças Armadas em outubro de 1945, que resultou no afastamento de Vargas da presidência. Nas eleições presidenciais realizadas a seguir, deu seu apoio à candidatura vitoriosa do general Eurico Gaspar Dutra, promovida por setores que haviam apoiado o Estado Novo. Em 1947, elegeu-se vereador no Distrito Federal, na legenda do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). No início da década de 50, participou do segundo governo Vargas, ocupando cargos técnicos. Faleceu no Rio de Janeiro, em 1955.··.



Inaugurado em 10 de outubro de 1894, o prédio da estação de Ipu é um dos mais belos em toda a malha ferroviária do Brasil segundo os especialistas no assunto. 

Não quero, aqui, me deter sobre a importância da estrada de ferro para o Ipu no que concerne aos aspectos econômico, social, urbano, arquitetônico e cultural, pois dessa parte se encarregarão os historiadores da terra, cuja safra, hoje, é muito promissora. E, também, para que, ninguém, com razão, me venham a dizer: Ne sutor supra crepitam, ou seja, “Sapateiro, não subas além da sandália”, como disse o pintor Apeles a um sapateiro que criticara uma parte de uma pintura sua que não a sandália. 

Quero apenas me restringir ao lado nostálgico deste belo monumento histórico. Com efeito, a Estação é um dos ícones de Ipu, ao lado da Bica, da Igrejinha, do Jardim Iracema e do prédio da Prefeitura, dentre outros. E foi parte integrante da minha infância e da minha juventude, pois, como disse a nossa escritora maior Rachel de Queiroz, “Menino criado em beira de linha fica com o trem no sangue”. 

Era a estação o ponto de encontro diário de grande parte da população da cidade. Ao toque da sineta, anunciando a chegada próxima do trem, as pessoas se dirigiam em correria para lá. 

A estação presenciou, sem dúvida, grandes momentos e episódios marcantes. Eram partidas e chegadas de entes queridos, encontros e desencontros, alegrias e tristezas, boas-vindas e despedidas, sorrisos e lágrimas, beijos e tapas, juras de amor e chiliques de ciúme, início e término de flertes e namoros. Enfim, as alegrias e as vicissitudes que povoam os fundos arcanos da misteriosa e insondável alma humana. 

E não é que, por pouco, íamos perdendo esse ícone quando, e 2001, fora adquirido por um comerciante de fora, que vencera licitação da Rffsa, para ser transformado numa revenda de motos. 

Em face de uma forte campanha desenvolvida pela Associação dos Filhos e Amigos de Ipu - Afai, que mobilizou toda a população com vistas à integração da Estação ao patrimônio da cidade, a Prefeitura de Ipu se viu obrigada a considerar aquele prédio como de utilidade pública, adquirindo-o, em tempo hábil, do proprietário. 

Para registro nos Anais da História, cabe ressaltar que a Estação de Ipu serviu de Quartel General da Coluna Prestes que, em 13 de janeiro de 1926, aos primeiros raios da aurora, chegou à cidade sob o comando do Coronel João Alberto. Havia na Estação uma composição ferroviária e o maquinista da locomotiva 17 foi obrigado, na tarde daquele dia, a deslocá-la a uma distância de 5 km, onde a mesma foi abandonada. 

A Estação de Ipu já foi tombada pelo Iphan e o projeto de sua recuperação foi feito, conjuntamente, pelo Iphan-der-Secult, e nela será instalada uma biblioteca pública. Para a recuperação da Estação foram decisivos os apoios de nossos legítimos representantes na Assembléia Legislativa do Ceará, os deputados Sávio Pontes e Gomes Farias, e a Sra. Maria do Socorro Pereira Torres, prefeita municipal de Ipu. O povo, com certeza, lhes será grato, e toda vez que o trem apitar nos Pereiros e nas Pedrinhas ecoará, em conjunto, o apito da locomotiva e as palavras de louvor e gratidão aos seus grandes benfeitores. 

Os trabalhos de recuperação estão prestes a começar e a nossa Estação vai ser devolvida à população em todo o seu esplendor do passado. Permito-me sugerir às autoridades do Estado e do Município que, quando da reinauguração, seja feita uma placa de bronze com os nomes de todos os agentes da Estação que moraram no Ipu. Foram eles figuras importantes que muito contribuíram para o desenvolvimento de nosso torrão natal. Lembro-me, ainda, de alguns deles, como os senhores Craveiro Carlito e Isaías. O último agente ainda mora em Ipu. Está aposentado, e é o senhor José Maria Pereira da Silva. 

Deveriam ser convidados para esse inolvidável evento os agentes ainda vivos e os familiares de todos os agentes que não estão mais entre nós a fim de receberem as justas homenagens do povo ipuense pelo muito que fizeram em prol do nosso desenvolvimento.



De uma maneira geral, as pessoas guardam documentos que testemunham momentos de sua vida, suas relações pessoais ou profissionais, seus interesses. São cartas, fotografias, documentos de trabalho, registros de viagens, diários, diplomas, comprovantes e recibos, ou simplesmente "papéis velhos". Esses documentos, quando tomados em conjunto, podem revelar não apenas a trajetória de vida, mas também gostos, hábitos e valores de quem os guardou, constituindo o seu arquivo pessoal. Arquivos Pessoais, portanto, são conjuntos documentais, de origem privada, acumulados por pessoas físicas e que se relacionam de alguma forma às atividades desenvolvidas e aos interesses cultivados por essas pessoas, ao longo de suas de vidas. Essa acumulação resulta da seleção dos documentos a serem guardados, entre todos os papéis manuseados cotidianamente, e vai sendo feita ao longo do tempo. Muitas vezes, principalmente no caso de arquivos privados de pessoas públicas, essa seleção também é feita por auxiliares e, após a morte do titular do arquivo, por familiares e amigos.
Os arquivos pessoais constituem valiosas fontes de pesquisa, seja pela especificidade dos tipos documentais que os caracterizam, seja pela possibilidade que oferecem de complementar informações constantes em arquivos de natureza pública. O crescimento das pesquisas nas áreas de história da vida privada e história do cotidiano, bem como o interesse crescente pelas análises de tipo biográfico e pelas edições de correspondência escolhida, têm aumentado a procura por este tipo de fonte, chamando atenção para a importância de sua preservação, organização e abertura à consulta pública.
Em virtude de conterem informações fundamentais para a recuperação da memória ou para o desenvolvimento da pesquisa histórica, científica ou tecnológica do país, alguns arquivos pessoais podem ser classificados como "de interesse público e social", por meio de dispositivo legal. Nesses casos, a lei determina que sejam preservados e colocados à disposição dos pesquisadores. Por se tratarem de documentos de natureza privada, os arquivos pessoais reúnem muitas vezes informações cujo acesso pode comprometer a intimidade do seu titular ou de terceiros. O Brasil hoje já dispõe de um corpo de leis regulamentando várias questões na área de arquivos, entre elas, o acesso a informações de natureza privada. Além da lei 8.159, de 1991, conhecida como Lei de Arquivos, que possui um capítulo dedicado aos arquivos privados, o decreto 2.942, de 1999, e a Resolução nº 12, do Conselho Nacional de Arquivos - CONARQ estão voltados para o tema.




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