sábado, 1 de agosto de 2015

O Canto do Pintassilgo.


Transportei-me para o ano de 1984, quando numa tarde de uma quarta-feira de trevas rumei com minha família para uma das fazendas da família do saudoso Valdemar Ferreira de Carvalho. Era Semana Santa, o inverno estava copioso e os açudes já sangravam.
Chegamos à noitinha naquele recanto de belezas raras. Ao por do sol o reflexo dos seus raios eram vistos maravilhosamente nas águas dos açudes. As Juritis entoam o seu arrolho doce anunciando o anoitecer.
Muita coalhada, aquela escorrida, tapiocas com queijo fresco e tudo mais. Era o nosso jantar
Do alpendrado da Casa Grande já podíamos contemplar uma Lua Chorosa vez por outra entre as nuvens e em outros momentos quase límpida no azul do firmamento.
Uma noite maravilhosa cheia de encantamento e bondade.
Aos primeiros sinais do novo dia, levante-me, fui ao curral onde os nossos moradores faziam a ordenha. Leite mungido e mais e mais.
Ainda estava turvo quando o Rei dos Quintais anuncia o alvorecer. Um piado aqui outro acolá, era a passarada que despertava para mais um dia. Parei e escutei. Eram vários pássaros que anunciavam o amanhecer.
De repente os sons se misturam num processo de agridocilidade sem igual, muitos cantos, muita sonoridade naquela linda manhã.
Recostei-me em uma das estacas da cerca e ao contemplar um juazeiro pude ouvir a canção lírica de um passarinho de plumagem amarela com ponta de assas e cabeça preta; era um Pintassilgo. Passei a admirá-lo, pois o pequeno pássaro entoava uma sinfonia incrível com uma orquestração admirável e bela.
As notas eram de uma perfeição sem igual, tão pequeno e tão poderoso capaz de transmitir para o Universo uma canção linda a canção da beleza de um alvorecer de imorredouras saudades.
E a pequena ave continuava na sua a sua doce e suave cavatina deixando-nos cada vez mais embevecidos.
As notas musicais iam se formando nos ares e se mesclavam com os outros cantos de aves que ali aportavam. Uma singular orquestração de sons puros e reais que a natureza junto aos meus ouvidos me proporcionava naquele momento.
O Sol ainda tingido por algumas nuvens rompia o dia e sua claridade intensa naquele dia. A folhagem dos pés de marmeleiro dos com suas flores perfumadas, e os paus de sabias enverdecidos com a chegada das chuvas uma coisa própria do nosso sertão. Ainda estavam orvalhados recebia os raios do astro rei naquela manhã que ficou distante e eu não esqueci.

PASSARINHOS


Cantai, cantai e alegrai recantos.
Oh! Doces passarinhos meigos
De gorjeios lindos cheios de encanto
De manhãs de Sol e galanteios.

Em gaiolas douradas esbanjam
Uma linda plumagem multicolorida, rara.
De silvestres pipilos eles cantam
Quando a natureza anuncia nos ares.
                                               

A voz do mundo em arpejos naturais
Que ecoa em sons divinais
Aos ouvidos de menestréis solitários

Uma voz que escuta em harmonia,·.
Vibrante tão profunda melodia
Aos acordes perfeitos de uma elegia.
Ipu, 16 de novembro de 2011.


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