A
Cidade e a Saudade.
Os leitores podem pensar que o editor desta folha é uma
sentimental, mas não. É a nossa cidade nas décadas de 20 a 60 vivia o seu
mundo, isolado.
A saudosa Rede Viação Cearense era o seu único elo com Sobral e
os portos de Camocim e Fortaleza. Nossas vidas eram suas ruas, suas praças, que
todos se achavam responsáveis por elas. Quase todas as pessoas conheciam, era
uma grande família. As margens do Ipuçaba margeadas de canaviais com seus
engenhos de cana-de-açúcar, todos se sentiam num mundo de poesia. Hoje a cidade
cresceu, tem cerca de 50 mil habitantes. Pessoas de todas as zonas, tanto da
serra como do sertão vieram pra cá em busca de melhores condições de vida. Só
que isto trouxe também muitos problemas que ainda precisam ser resolvidos.
Imaginem que até favela já existe em nossa cidade. Favela no sentido não da
residência humilde, mas sim, no aspecto sociológico com todas as mazelas das
cidades grandes, as marginalidades, a promiscuidade sexual e a pobre absoluta.
Por isso é que o editor desta folha enche sua memória dos tempos passados, com
o trem de ferro, os engenhos que hoje estão de fogo morto, os seus tipos
populares e as ruas que nas noites de luar enchiam-se de crianças a brincar de
roda e de adultos a contar os “causos” nas cadeiras nas calçadas. Assim
leitores desculpem-me se sou sentimental.
(Publicado no Jornal dos Tabajaras – setembro de 1997).
(Prof. Mello).
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