Os feriados europeus relacionadas às
tradições e celebrações do midsommar têm origens pré-cristãs.
Eles são particularmente importantes no Norte da Europa - Suécia, Dinamarca, Noruega, Finlândia, Estônia,Letônia e Lituânia -, mas também é muito fortemente
observado na Polônia, Rússia, Bielorrússia, Alemanha, Países Baixos, Irlanda, partes do Reino Unido (especialmente Cornwall), França, Itália, Malta, Portugal,Espanha, Ucrânia, outras partes da Europa e em outros lugares - como Canadá, Estados Unidos, Porto Rico e também no Hemisfério Sul (principalmente Brasil, Argentina e Austrália).
O festival é também por vezes referido por alguns neopagãos como "Litha",
decorrente do De temporum ratione de Beda,
que fornece os nomes anglo-saxões Ærra Liþa e Æfterra
Liþa para os meses que correspondem aproximadamente a junho e julho,
com um mês intercalar de Liþa aparecendo depois de bissextos De origem
europeia, as fogueiras juninas fazem parte da antiga tradição pagã de celebrar o solstício de verão. Assim como a
cristianização da árvore pagã "sempre verde", que se tornou a famosa árvore de natal,
a fogueira a volta do 25 de junho tornou-se, pouco a pouco, na Idade Média, um
atributo da festa de São João Batista,
o santo celebrado nesse mesmo dia. Ainda hoje, a fogueira de São João é o traço
comum que une todas as Festas de São João Europeias (da Estônia a Portugal, da
Finlândia à França).
As celebrações do solstício ainda são centradas no dia do
solstício do verão astronômico. Alguns optam por realizar o rito em 21 de
junho, mesmo quando este não é o dia mais longo do ano, alguns comemoram em 24
de junho, o dia do solstício no tempo dos romanos. Os antigos romanos também realizavam
um festival em honra do deus Summanus em 20 de junho. Na Wicca,
os praticantes celebram no dia mais longo e a noite mais curta do ano, que não
têm uma data definida, a parti do calendário celta de 13 meses.
Cristianização

Embora o midsommar seja originalmente um feriado pagão, no cristianismo ele é associado ao nascimento de
João Batista, que é associado ao mesmo dia, 24 de junho, nas igrejas católica, ortodoxa e em algumas igrejas protestantes. Ocorre seis meses antes do Natal porque
o Evangelho de Lucas (Lucas
01:26 e Lucas 1.36) implica que João Batista nasceu seis meses antes de Jesus,
embora a Bíblia não diga em que época do ano isso
aconteceu.
No século VII, Santo Elígio (falecido em 659/60) avisou
aos recém-convertidos habitantes de Flandres contra as antigas celebrações
pagãs do solstício, ao dizer: "Nenhum cristão deve participar da festa de
São João ou da solenidade de qualquer outro santo e realizar solestitia [ritos
do solstício de verão] ou dançar, pular ou entoar cantos diabólicos".
Conforme o cristianismo se
propagou por regiões de tradição pagã, as celebrações do midsommar foram
transformadas em novos feriados cristãos, muitas vezes resultando em
celebrações que misturavam tradições cristãs com tradições derivadas de
festividades pagãs.
Por
país
Alemanha
Fogueira em Freiburg im Breisgau
No dia do solstício de verão é chamado Sommersonnenwende em alemão. Em 20 de junho de 1653 o conselho da
cidade de Nuremberga emitiu
a seguinte ordem: "No dia de São João em cada ano no país, bem como em
cidades e vilas, jovens pegam dinheiro e madeira para criar o chamado sonnenwendt ou
fogo zimmet e dançam sobre o referido fogo, saltando sobre o
mesmo, com a queima de ervas diversas e flores... Portanto, o Conselho da
Cidade de Nuremberga não pode nem deve deixar de acabar com toda esse paganismo, superstição imprópria e perigo de
incêndio no próximo dia de São João.
Brasil

As festas juninas são, em sua essência, multiculturais, embora o formato
com que hoje as conhecemos tenha se originado nas festas dos santos populares
em Portugal: a Festa
de Santo Antônio, a Festa de São João e a Festa de São
Pedro e São Pauloprincipalmente. A música e os instrumentos usados
(cavaquinho, sanfona, triângulo ou ferrinhos, reco-reco etc.) estão na base da
música popular e folclórica portuguesa e foram trazidos ao Brasil pelos
povoadores e imigrantes do país irmão.[1]
As roupas caipiras ou saloias são uma clara
referência ao povo campestre que povoou principalmente o nordeste do Brasil e
pode-se encontrar muitíssimas semelhanças no modo de vestir caipira no Brasil e
em Portugal. Do mesmo modo, as decorações com que se enfeitam os arraiais
iniciaram-se em Portugal, junto com as novidades que, na época dos descobrimentos,
os portugueses trouxeram da Ásia, tais como enfeites de papel, balões de ar quente
e pólvora. Embora os balões tenham sido proibidos em muitos lugares do Brasil,
são usados na cidade do Porto em Portugal com muita abundância e o céu se enche
com milhares deles durante toda a noite. A dança de fitas típica das festas juninas
no Brasil origina-se provavelmente da Península Ibérica.[1]
Dinamarca
Dinamarqueses celebrando o midsummer
bcom uma figueria na praia
Na Dinamarca, a celebração solsticial é chamada de sankthans ou sankthansaften ("véspera
de São João"). Foi um feriado oficial até 1770 e, de acordo com a tradição
dinamarquesa de comemorar um feriado na noite anterior do dia real, é celebrado
na noite de 23 de Junho. É o dia em que os homens e mulheres sábias medievais (osmédicos da época) reuniam ervas especiais
que precisavam durante o resto do ano para curar as pessoas.
A data é comemorada desde os tempos dos Vikings, quando eles faziam grandes fogueiras
para afastar os maus espíritos. Hoje, fogueiras na praia, piqueniques e músicas
são tradicionais, embora fogueiras sejam construídas em muitos outros lugares.
Na década de 1920, uma tradição de colocar uma bruxa feita
de palha e tecido sobre a fogueira surgiu como uma lembrança da caça às bruxas entre
1540 a 1693. Essa queima enviaria a "bruxa" para Bloksbjerg, a
montanha Brocken na região de Harz daAlemanha. Alguns dinamarqueses consideram a
relativamente nova queima simbólica da bruxa como imprópria.[6] [7]
Finlândia
Fogueira em Helsinque. Fogueiras são bastantes populares
no dia de São João (Juhannus)
no campo ao redor das cidades em festejos.
Antes de 1316, o solstício de verão era chamado de Ukon juhla ("celebração
de Ukko") na Finlândia, pelo deus
finlandês Ukko. Após as celebrações serem cristianizadas, o
feriado se tornou conhecido como Juhannus por conta de João Batista (finlandês: Johannes
Kastaja).
Na celebração do midsummer finlandês, fogueiras (kokko)
são muito comuns e são queimados nas margens de lagos e do mar.[9] Muitas vezes, ramos de árvores
de vidoeiro(koivu) são colocados em ambos
os lados da porta da frente das casas para receber os visitantes.[10] Os finlandeses muitas vezes celebram erigindo um mastro(midsommarstång).[11]
Na religiosidade popular,
o midsummer é uma noite muito potente para muitos pequenos
rituais, principalmente para jovens donzelas que procuram pretendentes e
fertilidade. Acredita-se que o fogo-fátuo apareça com mais frequência na
noite da celebração para indicar um tesouro. Nos velhos tempos, donzelas usavam
encantos especiais e curvavam-se em um poço, nuas, para verem o reflexo de seu
futuro marido. Em outra tradição que continua ainda hoje, uma mulher solteira
recolhe sete flores diferentes e coloca-as sob o seu travesseiro para sonhar
com seu futuro marido.[12]
Uma característica importante do solstício de verão na Finlândia é a noite branca e o sol da meia-noite. Como o território do país
está localizado em torno do círculo polar ártico,
as noites perto do dia da celebração são curtas ou inexistentes. Isto dá um
grande contraste com a escuridão do inverno. A temperatura pode variar entre 0°
C e 30 ° C, com uma média de cerca de 20° C no sul. Muitos finlandeses deixam
as cidades no feriado e passam o tempo no campo. Hoje em dia muitos passam
todas as suas férias em uma casa de campo. Os rituais incluem fogueiras,
churrascos, uma sauna e passar o tempo junto de amigos e familiares.
França
Festa de São João, por Jules Breton(1875).
A Fête de la Saint-Jean (Festa de São João),
tal como no Brasil e em Portugal, é comemorada em 24 de junho e tem, como maior
característica, a fogueira. Em certos
municípios franceses, uma alta fogueira é erigida pelos habitantes homenageando
São João Batista. Trata-se de uma festa católica, embora ainda sejam mantidas
certas tradições pagãs que a
originaram. Na região de Vosges, a fogueira é
chamada chavande.
Como na Dinamarca, o Sankthansaften é
comemorado em 23 de junho na Noruega. O dia também é chamado de Jonsok,
que significa "despertar de João", importante em tempos católicos romanos com
peregrinações a igrejas e fontes sagradas. Por exemplo, até 1840, havia uma
peregrinação à Igreja do Stave Røldal em Røldal (sudoeste
da Noruega), cujo crucifixo teria poderes curativos. Hoje, no entanto, o Sankthansaften é
amplamente considerado como um evento secular ou mesmo pré-cristão. Na maioria
dos lugares, o evento principal é a queima de uma grande fogueira. No oeste da
Noruega, um costume de arranjar casamentos simulados, tanto entre adultos como
entre crianças, ainda é mantido vivo.
Polônia.
As tradições juninas da Polônia estão associadas principalmente
às regiões da Pomerânia e da Casúbia, e a festa é comemorada em 23 de junho, chamada localmente 'Noc
Świętojańska" (Noite de São João). A festa dura o dia todo, começando às
8h da manhã e varando a madrugada. De maneira
análoga à festa brasileira, uma das características mais marcantes é o uso de
fantasias; no entanto, não de trajes camponeses como no Brasil, mas de
vestimentas de piratas. Acendem-se
fogueiras para marcar a celebração. Em algumas das grandes cidades polonesas
tais como Varsóvia e Cracóvia, essa festa faz parte do calendário
oficial da cidade.
Em Portugal, estas festividades, genericamente
conhecidas pelo nome de "Festas dos Santos Populares", correspondem a
diferentes feriados municipais. Nas cidades doPorto e
de Braga em Portugal, o São João é festejado
com uma intensidade inigualável, sendo que a festa é, à semelhança do que acontece
no Nordeste do Brasil, entregue às pessoas que passam o dia e a noite nas ruas
das cidades, que são autênticos arraiais urbanos.
Festas de São João são ainda celebradas em alguns países europeus católicos, protestantes e ortodoxos (França, Irlanda, os países nórdicos e do Leste
europeu). As fogueiras de São João e a celebração de casamentos reais ou encenados (como o
casamento fictício no baile da quadrilha nordestina e na tradição portuguesa)
são costumes ainda hoje praticados em festas de São João europeias. É ainda
costume a realização de fogueiras onde o combustível é o rosmaninho.
Rússia/Ucrânia/Bielorrússia
Noite da Véspera de Ivan Kupala, por Henryk Hector
Siemiradzki
A festa de Ivan Kupala (João Batista) é conhecida como a mais importante
de todas as festas dos povos eslavos orientais de origem pagã, e vai desde 23 de junho até 6 de julho. Há a lenda de que na noite de Ivan
Kupala, aparece a flor da samambaia e quem a
encontrar será rico e feliz para sempre (essa flor não existe). É um rito de
celebração pelo verão, que foi absorvido pela Igreja Ortodoxa. Muitos dos rituais das festas
juninas eslavas estão relacionados com o fogo, a água, a fertilidade e a auto-purificação. As
moças, por exemplo, colocam guirlandas de flores na
água dos rios para ter sorte. É bastante comum também a brincadeira de saltar
por cima das fogueiras. As festas juninas eslavas inspiraram o compositor Modest Mussorgsky a compor sua famosa
obra "Noite no Monte Calvo".
Suécia
Celebração do solstício de verãoem
Årsnäs, na Suécia
As festas juninas da Suécia (Midsommarafton) são as
mais famosas do mundo. São consideradas a festa nacional sueca por excelência,
comemorada ainda mais assiduamente do que o Natal.
Realizam-se entre 20 e 26 de junho, sendo a sexta-feira o dia mais tradicional. Uma
de suas características mais tradicionais é as danças em círculo ao redor do majstången
(mastro de maio) , um mastro colocado no centro da aldeia. Quando o
mastro é erigido, são atiradas flores e folhas. Tanto o majstången quanto
o mastro de São João brasileiro se originaram do "mastro de maio" dos
povos germânicos.
Durante a festa, cantam-se vários cânticos tradicionais da época e as
pessoas se vestem num estilo rural, tal como no Brasil. Por acontecer no início
do verão, são comuns as mesas cheias de alimentos típicos da época, tais como morangos e batatas. Também são tradicionais as simpatias,
sendo a mais famosa a das moças que constroem buquês de sete ou nove flores de
espécies diferentes e os colocam sob o travesseiro na esperança de sonhar com o
futuro marido. No passado, acreditava-se que as ervas colhidas durante esta
festa seriam altamente poderosas, e a água das fontes daria boa saúde. Também
nessa época, decoram-se as casas com arranjos de folhas e flores, para trazer
boa sorte, segundo a superstição.
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