Manhã de
Março - 2001.
Sem dizer um adeus demorado, cantado ou em linguagem de
doçura partiu Mamãe na manhã de março de 2001, quando a passarada em alado
despertava o dia de uma noite de sofrimento, ânsia e angústia, de despedida, de
desconforto pelo próprio físico já definhado pela doença em cruel perseverança;
despede-se então dos ditosos dias vividos deixando em todos nós, a saudade
imensa da ausência, (cruel que nos separa), canção entoada por muitas vezes com
sua voz afinadíssima fazendo nos distrair e adormecer ainda pequenos nos
embalos dos punhos de nossas redes. Era a canção de “Berceuse” a verdadeira
canção de ninar que adormecíamos felizes e acordávamos a cantar.
Foi no Coro da Igreja, que entoou louvores em forma de
hinos os mais fervorosos. Foi para os filhos o exemplo da música personificada
nas estrofes que cantava para mostrar a beleza da Voz através de uma harmonia
quase perfeita.
Foi no catecismo que nos ensinou amar a Deus e fielmente a
cumprir os mandamentos e ensinamentos de Jesus Nosso Pai e Criador de Todas as
Coisas.
Foi na educação doméstica que transmitiu através de seus
exemplos o viver do dia a dia, das alegrias, dos momentos tristonhos, que eram
sempre superados, pois até a doença ela superou e suportou por longo tempo.
Esposa dedicada fiel, sempre solícita aos anseios de
Papai, que reciprocamente respondia verdadeiramente o seu intento. Nunca deixou
extravasar as dificuldades do cotidiano procurando sempre resolvê-las com
dignidade e muita humildade. Estamos diante da “Eterna Saudade”, daquela
interminável, que o tempo não consegue evadi-la e nem esmaecer no infinito celestial.
Na saudade de tudo e por todos que sentem a sua partida rumo ao Pai, na graça
de tê-la ao seu lado rogando por nós. Está no trono dos justos, naquele que
Deus reservou em perene canto de Glória recebendo-a em harmonia dos hinos
entoados pelas trombetas tocadas pelos anjos em magistral execução, numa
orquestração que se torna triunfal pelos merecimentos passados na terra. Soaram
os prelúdios, as sonatas e os acordes dissonantes se mesclaram com os
consoantes e disseram: “Bem Vinda ao Reino do Senhor nosso Pai”.
Já não basta a sua confortadora vida no Céu, precisamos do
seu perene olhar para cada um de nós.
As lágrimas que orvalham os nossos olhos é o orvalho da
saudade do sentimento de quem tem daqueles que choram o coração, que choram a
partida, que chora a falta à ausência e desconforto do lugar que “está faltando
não ele, e sim ela”, estão nos respingos de nossos prantos salpicando o imenso
universo de nossa Grande Saudade.
Foi-se mamãe! Nos seus instantes derradeiros ainda
balbuciava o nome dos seus filhos esposo, netos e bisnetos, sempre expressando
o amor infinito à criança às crianças, demonstrando o amor incontido a todos
que lhe pertenciam. Alguém já dissera: “A Criança é o Sorriso de Deus para o
Mundo”, e esse sorriso jamais deixou de rondar o espírito de mamãe.
Fica no ramalhete de flores, nas folhas que enverdecem a
vida e que cria tudo, o resto de nossas lágrimas que será como o bálsamo de
encantador viver que tivemos com Você Mamãe.
Ipu, 04 de abril de 2001.
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