
O município de Ipu é citado no romance de José de
Alencar, Iracema, índia nativa que se banhava na bica, também
conhecida como "a virgem dos lábios de mel". Inicialmente o povoado
nasceu dentro das terras dadas em Sesmarias pelo estado português a alguns
colonos radicados em Pernambuco. Ligada às terras da Matriz de São Gonçalo da
Serra dos Cocos (hoje em Ipueiras) e à sede da primeira Vila (Guaraciaba do
Norte), a povoação fora construída em cima de um velho cemitério indígena. A
sua praça central (chamada por seus habitantes de "Praça da
Igrejinha") está localizada neste "útero inicial" em que aquela
sociedade veio a nascer ainda no século
XVII. A região entrou
em disputa entre padres Jesuítas e colonos; até que, após a expulsão dos
jesuítas do Brasil pelo Marquês de Pombal, as terras e os infelizes indígenas
que nela habitavam ficaram entregues aos "cuidados" dos colonos
brancos. Reduzidos a escravos (ou semiescravos), os indígenas foram
incorporados àquela sociedade colonial na condição precária de
"cabras" agregados às terras que um dia foram deles. Apenas em
1840/41 a Vila Nova do Ipu Grande fora transformada em sede da Vila. Em 1885 a
Vila é elevada à condição de cidade; em 1894, com a instalação da Estrada de
Ferro de Sobral, a cidade passou a crescer e urbanizar-se lentamente. A
economia comerciária, promovida pela ferrovia, possibilitou à classe
comerciária local adquirir capitais gerados do trabalho e do comércio
algodoeiro. A cidade crescia e com isso aumentavam os problemas. As elites conheceram
um crescimento significativo, para depois mergulharem numa estagnação econômica
acarretada pela desativação da ferrovia e do comércio a ela ligado. Nos anos 40
do século XX, a cidade mergulha num processo de decadência até culminar com o
completo desmonte da ferrovia nos anos 50, 60 e 70 do século passado.
Decadente, a cidade transforma-se num verdadeiro "curral-eleitoral"
para a oligarquia local; momento em que a prefeitura da cidade transforma-se na
maior empregadora do município.
Sua população estimada em2013 era de 48.216 habitantes. A cidade
fica encravada no sopé da Serra da
Ibiapaba e tem como
principal atração turística a Bica do
Ipu, uma queda
d'água do Riacho
Ipuçaba de 120 metros
de altura, além da Bica do
Ipu a cidade oferece
mais pontos de visitação como: Casa de Pedra, riacho São Francisco, cachoeiras
como a do Urubu e do Engenho dos Belém e os açudes S. Bento e Bonito.
Em suas primeiras manifestações de apoio eclesial, registra-se em 1740 e
procedente da Vila Viçosa, a presença de alguns clérigos cujo desempenho
consistiu na formação de redutos catequéticos, os quais constam do programa o
precitado reduto. Desse trabalho missionário, cujos esforços não foram inócuos,
resultou a edificação de uma capela que, por seu turno, daria lugar à Freguesia
de São Gonçalo da Serra dos Cocos, o que de fato ocorreu, conforme Provisão de
30 de agosto de 1757. Com o advento do Decreto Imperial Nº. 200, de 26 de março
de 1840, transfere-se a Freguesia, até então situada em São Gonçalo da Serra
dos Cocos, para São Sebastião do Ipu, compreendendo, na jurisdição desta, as
capelas de Nossa Senhora da Conceição de Ipueiras e de Nossa Senhora dos
Prazeres de Campo Grande. Decorrido quase meio-século, novas transformações se
processam, desta vez com relação à mudança de hierarquia e evolução de ordem
administrativa. Essa novidade tem como instrumento de apoio a Lei Nº 2.037, de
27 de outubro de 1883, convertendo ao título de Igreja – Matriz as capelas de
São Gonçalo dos Cocos e São Sebastião do Ipu.
Os primeiros registros históricos sobre a região de Ipu datam do tempo
do Brasil colônia e entre os personagens de então podemos destacar nomes como
Joana Paula, Martim Soares ou padre Correia. Veremos que eram pessoas comuns,
carregadas de defeitos, ganâncias, ambições etc. Para a “civilização do Ipu” e
sua região os ditos “heróis” não passam de sanguinários conquistadores; gente
guerreira, que nasceu dos choques dos mundos europeu e indígena e por aqui se
instalou para formar uma sociedade singular e desigual. Matar, roubar, assassinar,
estuprar ou agredir eram “esportes” naturalmente praticados por nossos
antepassados, e queiramos ou não, somos um povo altamente mestiço (somos
brancos, indígenas e negros). A nossa civilização nasceu por sobre as poças de
sangue dos povos nativos, e fora construídos por homens brutos, valendo-se da
escravidão e do extermínio, para dar legalidade ao sequestro das terras e dos
corpos (para o trabalho escravo e para o sexo promíscuo) das indígenas e
africanas; legitimando todo tipo de privilégio e de poder emanados desta
situação.
Sobre isso, leiamos este documento: “Tamboril tem produzido homens
notáveis, entre estes o coronel Diogo Lopes de Araújo Sales, que o Ministro da
Agricultura, (...) em 1855 dizia não conhecer no país mais hábil catequista dos
índios. À sua espada encantada, que não podia soltar, pelo receio de
exterminá-los de um só golpe, deveu ele escapar mais de uma vez às sedições dos
selvagens. Seus serviços nessa arriscada empresa foram de feitos relevantes.” É
claro que, como homens como o Coronel referido antes, não nos admira que não
tenha havido “reclamações oficiais” por parte dos nativos; os Tremembés,
Carátiús, Reriús, Arariús, Quixelôs e outros povos não tiveram a menor chance,
lutar com arco e flecha contra bala e pólvora era uma luta perdida! Após a
“limpeza” da terra, Joana Paula, seus pais e irmãos puderam vir ocupar a área
despreocupadamente, habitando o sertão central e parte da Ibiapaba (Ipu,
Ipueiras, Guaraciaba, Tamboril, Santa Quitéria, Reriutaba, Crateús e muitas
outras cidades nasceram dentro deste processo). O homem desta área é altamente
mestiço, caboclo, com pouco sangue negro, e com bastante sangue europeu. Os
Brancos, pela superioridade das armas, puderam dominar e aculturar aos índios e
alguns africanos; debaixo da bota dos fazendeiros proprietários, as mulheres
índias e negras emprestaram seus ventres para que o falo dos descendentes de
europeus “povoasse a terra” e mestiços. Não tendo recursos humanos ou materiais
para ocupar as terras do “Ciará Grande” (e a região de Ipu), Vossa Majestade El’rei
de Portugal (e depois da independência, D. Pedro I e D. Pedro II) delegava
poderes quase absolutos para seus súditos que por aqui vinham construir a
“civilização”. Os colonos que viriam povoar os sertões do Ipu tinham licença
para matar, prender, soltar, julgar, perdoar, e condenar, principalmente aos
índios, negros e/ou brancos pobres que lhes deviam obediência; foi assim que
nasceu a conhecida prepotência de nossas elites e a exagerada submissão de
nossos “cabras”! Com a independência, em 1822, D. Pedro I, após esmagar os
confederados do Equador e outras rebeliões do “Norte” do Brasil, passou a
delegar poderes de polícia aos fazendeiros e seus filhos; neste ínterim, os
Mourões, poderosa oligarquia parental sediada na Serra dos Cocos, filiada ao
Partido Conservador, exercerá o poder e a violência com mão de ferro nestas
paragens. “Eram por demais turbulentos (...) [e] sanguinários os primeiros
povoadores desta parte da província, (...) os homens mais influentes (...) percorriam
com bandos armados da serra ao vale e do vale à serra, decidindo de tudo [na]
(...) lógica do bacamarte. Esses facínoras traziam em sobressalto Tamboril e
(...) Príncipe Imperial (Crateús), Independência, Boa Viagem, Pedra Branca,
Santa Quitéria e Ipu.” Dentre estes homens, os clãs–familiares dos
Araújos-Chaves, Mello-Mourão, Feitosas, Martins, Aragão, Lopes etc. impunham a
lei e a ardem com base na faca-peixeira e no bacamarte boca-de-sino. Assaltos,
assassinatos, estupros e lutas pela posse da terra eram “a coisa mais natural
do mundo” naqueles tempos. Foi neste ambiente que nasceu a nossa civilização.
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Toponímia: Queda
D’água
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Variação
Toponímica: Vila Nova do Ipu Grande
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Desmembrado de
Guaraciaba do Norte
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Padroeiro: São
Sebastião
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Dia: 20/01
Características ambientais
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Pluviosidade: a
média anual é de 1.258 mm
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Temperatura média:
26°C a 30°C
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Período chuvoso:
janeiro a maio
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Distância da
Capital "Fortaleza": 257Km
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Área Territorial:
630Km²
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Latitude: 4°,19'
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Longitude: 40°, 49'
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Altitude: 240,27m
do nível do mar
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Clima: Semi-Árido
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Mesorregião:
Noroeste Cearence
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Microrregião: Ipu
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Hidrografia: Rios
Acaraú, Jatobá e Inhuçu e riachos do Engenho, Mulungu, S. Félix, Albina,
Gamelecia, Sambaíba e Ipuçaba.
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ACESSO RODOVIÁRIO:
CE-187 / CE – 032 / CE - 157
Componentes ambientais
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Relevo: Planalto da
Ibiapaba e Depressões sertanejas
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Solos: areias
quartzosas distróficas, Bruno não cálcico, Latossolo vermelho-amarelo e
podzólico vermelho-amarelo
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Vegetação: caatinga
arbustiva aberta, floresta caducifólia espinhosa, floresta subperenifólia
tropical pluvio-nebular e floresta subcaducifólia tropical pluvial.
Divisão política-administrativa
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Distritos: Abílio
Martins, Flores, Várzea do Jiló, Recanto e Ingazeira.
1.
↑ a b Divisão Territorial do Brasil. Divisão Territorial do Brasil e Limites Territoriais.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (1 de julho de 2008). Página
visitada em 11 de outubro de 2008.
2.
↑ IBGE (10 out. 2002). Área territorial oficial. Resolução da Presidência do IBGE de n° 5 (R.PR-5/02). Página visitada
em 5 dez. 2010.
3.
↑ Censo Populacional 2010. Censo Populacional 2010. Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE) (29 de novembro de 2010). Página visitada em 11 de
dezembro de 2010.